quarta-feira, junho 22, 2005

Maquinomem

(Helena Kolody)

O homem esposou a máquina
E gerou um híbrido estranho:
Um cronômetro no peito
E um dínamo no crânio.

As hemácias de seu sangue
São redondos algarismos.
Crescem cactos estatísticos
Em seus abstratos jardins.

Exato planejamento,
A vida do maquinomem.
Trepidam as engrenagens
No esforço das realizações.

Em seu íntimo ignorado,
Há uma estranha prisioneira,
Cujos gritos estremecem
A metálica estrutura;

Há reflexos flamejantes
De uma luz imponderável
Que perturbam a frieza
Do blindado maquinomem.