quinta-feira, junho 30, 2005

Fazendo Filmes

Coisas muito estranhas acontecem durante a produção de um filme.

Só como exemplo, veja o tipo de coisa que acontece quando você chega com uma proposta de merchandising para uma empresa, pedindo algum produto, dinheiro ou ambos.

#1
- Alô, Boa Dia! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem, chamado...
(...)
- Você nunca assistiu? Mas é o que eu disse. Nós estamos produzindo este filme e ele será filmado em...
(...)
- Você não assiste filme brasileiro? Mas é um filme bacana, sobre o Paraná e ... Alô? Alô?


#2
- Alô, Boa Tarde! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem, chamado...
(...)
- É, de cinema sim. Nós gostaríamos de lhe enviar uma proposta de merchandising; você nos dá algum dinheiro e a sua marca aparece no filme...
(...)
- Não, ela não vai aparecer em primeiro plano. Ela vai aparecer desfocada... no fundo... no reflexo do retrovisor de um carro... Pegando fogo... Isso... Daí a sua marca aparece ali.
(...)
- Não... Colorida não... Ela vai aparecer em preto e branco porque é um flashback. Alô? Alô?

#3
- Alô, Boa Noite! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem, chamado...
(...)
- Isso, e nós gostaríamos de pedir que a sua pizzaria forneça pizzas para a alimentação da equipe nos dias de gravação em troca da sua marca aparecer na cena em que eles pedem pizza.
(...)
- Quantos nós somos? 50, sem contar os atores e os figurantes.
(...)
- Mas qual é o problema de ser mais gente do que você atende no horário de pico do seu restaurante? Por acaso você só tem um forno?
(...)
- Só, é? Bem, mas e se você não atender clientes nesses dias? Alô? Alô?


#4
- Alô, Bom Dia! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu...
(...)
Aperto "5", pra falar com o marketing.
(...)
Aperto "3", pra falar com o setor de projetos culturais.
(...)
Aperto "7", pra falar com o setor reponsável pela conta.

(...)
Aperto "4", pra falar com o gerente da conta.
(...)
- Bom Dia! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem....
(...)
- E essa pessoa volta quando de férias?


#5
- Alô, Boa Tarde! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem, chamado...
(...)

- A sua empresa de cigarros têm bastante dinheiro? Que bom! Vocês poderiam investir em cinema então...
(...)
- A sua empresa de cigarros foi processada pelo governo porque patrocinou um filme uma vez?
(...)
- E não podem mais patrocinar filmes porque agora é política ética da empresa? E vender cigarros é o quê? Alô? Alô?



#6
- Alô, Boa Noite! Meu nome é Eduardo Gameiro e eu trabalho na produção de um filme de longa-metragem, chamado...
(...)
- A sua empresa está quase falida?

(...)
- Mas essa pode ser a grande chance de anunciar para um público especial: o público de cinema.
(...)
- Você quase faliram porque investiram em vários filmes brasileiros?
(...)
- Não... Não ví esse filme... Nem esse. Esse outro não me é estranho... acho que eu vi o trailer.
(...)
- Se eu quero investir nos outros filmes que ainda nem foram lançados? Puxa... Eu adoraria, mas é que eu não assisto filme nacional.

Liga dos Merchandisers

Apresento a maior (ou mais estranha) liga de héróis que já trabalhou na produção de um filme: A inacreditável Liga dos Merchandisers.

Sinistra
Com seus incríveis poderes de escrever com as duas mãos e a sua inigualável capacidade de escrever Tium Kim, ou Xiun Qin, ou Tchum Chin, ou sei lá...

CC - (Com Cópia)
Com seus surpreendentes poderes de operar a máquina Xerox, conseguiu entrar no show dos Los Hermanos sem carteirinha. Usa sua fidelidade e sua risada fatal para conseguir vinho pro set.

Estágio
Masoquista, workaholic e designer em meio-período, visitante extraterreno do planeta Infhame, usa as piadas idiotas para acabar com o clima sério que ronda os projetos sérios de um filme sério, onde quase todo mundo é sério também.

Jr.
O gigante frankenstein de mil contatos.

2°2°
Herói por acidente. Entrou na liga por acaso, usando seus poderes jornalísticos de direção no combate aos projetos não-aceitos. Se for dirigir, não beba.

Nativa:
Líder do grupo que tem os poderes mutantes de ser mãe/produtora em tempo integral, cuja fraqueza fatal é uma substância conhecida como carpete.

quarta-feira, junho 29, 2005

Anamnese

Engraçado como o cérebro funciona (ou não, como no meu caso).
As memórias tão lá, quietinhas, na delas. Daí acontece algo na tua vida que de repente ignora a plaquinha de não-perturbe colocada na porta do seu depósito de lembranças e toda uma história vergonhosa do passado jorra diante dos seus olhos.
O sangue flui para a face e você finalmente se lembra de algo horrível que aconteceu.
Pior; você lembra inclusive, porque foi que esqueceu.
Alguns posts atrás eu havia dito que nunca ganhei nada sozinho (o que é verdade). Mas houve algo que eu quase ganhei, mais ou menos sozinho.
Então vamos à historinha:
2001 - NDesign - Recife

Houve uma vez uma Repentina, que é o nome que se dá às gincanas que acontecem nos congressos de Design.
Nessa repentina, que foi em Olinda, as equipes tinham que subir e descer as ladeiras da cidade (parecia mais subir que descer) atrás de papel, cola, tesoura, etc, pra montar um personagem de circo, previamente sorteado.
Minha equipe tirou o trapezista.
Como, por azar, eu não estava em outro lugar, decidiu-se que eu seria o dito cujo.
Ingenuamente aceitei a incumbência e fui lá, vestido de trapezista de papel crepom, caminhando ingênuo para meu derradeiro destino, desconhecido até então.
1500 designers (e pseudos) esperavam para me ver subir no coreto de Olinda e numa performática apresentação, arrancar ululantes palmas e ser ovacionado pela minha esfuziante apresentação de trapezista.
Apesar do sucesso de público, eu fui honestamente superado pelo atirador de facas, que se apresentou de forma superior (mérito de meu amigo Julio, que merece todos os créditos pela performance) e me roubou o 1º lugar.
Com uma ressalva: Eles se apresentaram em equipe, enquanto eu dei a minha cara (de pau) à tapa sozinho.
Recebi um merecido 2º lugar na classificação geral, mas me considero um vencedor na categoria solo.
Fomos tão superiores às outras 20 e tantas equipes, que ninguém nem lembra que foi o domador de leões que tirou 3º lugar (eu acho).
Tudo isso só me voltou à memória depois de lembrar que eu nunca tinha ganhado nada numa competição. Mas acabei de me lembrar também que dei sorte de não levar o prêmio principal:
30 pau-do-índio
(cachaça à base de rapadura, que vem em garrafinhas plásticas e é muito muito ruim demais demais).
Enfiadas no armário daqui de casa, estão as últimas das 15 que eu ganhei sozinho, como recompensa da maior vergonha que eu já passei sóbrio na vida.

Shoo-Rah! Shoo-Rah!

É sempre bem interessante encontrar algo muito legal no meio de alguma coisa que você já achava legal
Me senti assim ao contemplar a trilha sonora do Guia (só dá ele ultimamente, parece até que eu tô viciado).

Não digo que foi um choque me divertir ouvindo a trilha, mas as composições originais são muito bem boladas, principalmente as duas estilo BigBand que abrem e encerram o filme, sem falar no hino da igreja de Viltvodle sobre a vinda do Grande Lenço Branco.

Mas a música mais descolada é a "Shoo-Rah! Shoo-Rah!", da Betty Wright. Não sei você, mas eu me percebo balançando sempre que ouço ela. Ou cantando junto o que é pior.

Alguns podem até ficar bravos com minha mania de não deixar a música tocar sozinha, mas fazer o quê?

Se música existe por um motivo, é pra mexer algo na gente, nem que seja os braços, os pés ou as cordas vocais.

Gerador Randômico de Idéias

Pra quem acha que existe sim alguma ordem em meio ao caos, proponho um exercício.
Abrir o livro mais perto de você ("Mochileiro..." no meu caso) e escolher 7 palavras ao acaso.

Pra mim deu:

1) Bem
2) Contemplar
3) Choque
4) Música
5) Você
6) Bravos
7) Existe

Agora faça o que bem entender com elas.
O que eu vou fazer com as minhas, aparece na próxima postagem.

sábado, junho 25, 2005

Robber: el Jefe

"Se eu falo paulatinamente, nao é por chantagem. É para ir mostrando como as coisas se deram."
"Vai na fonte, pega, vem."
"O presidente Lula chorou."
"Tem isso e é uma bomba."
"Quem é pago não pensa."
"O corpo mole é porque está faltando aquilo que o Delúbio sempre transferiu a líderes e presidentes da base: o dinheiro para pagar o exército mercenário, a bancada de aluguel."
"Este dinheiro chega a Brasilia, pelo que sei, em malas."
"Se fizerem alguma coisa comigo, cai a República"

Ótimo ator e roteirista.
Mas será que é de ficção ou documentário?

10 Itens ou Menos

Tive uma epifania na fila do mercado hoje.
Descobri o verdadeiro motivo para que fossem criadas filas específicas para idosos, não só em mercados, como em bancos e outros estabelecimentos públicos. O pretexto de pensar no consumidor que necessita de atendimento especial é pura mentira.
A verdadeira razão é que essas pessoas precisam de muito mais tempo no caixa quando precisam conferir as datas de validade de cada produto, procurar o dinheiro contado com as moedas que carregam sempre e ouvir três ou mais vezes as explicações da atendente dizendo que ela não lembra dos sobrinhos-netos do(a) idoso(a) em questão, mas tem certeza de que são crianças adoráveis e que com certeza irão apreciar enormemente os vários vidros de geléia de mocotó e caixas de leite de soja que estão sendo comprados para eles.

Então eles tem as suas filas específicas para que os outros clientes possam seguir com a boba e pouca criativa tarefa de passar pelo caixa, pagar o que deve ser pago e ir embora.

sexta-feira, junho 24, 2005

...and the Oscar comes to me! (...kind of...)

Eu acho que nunca tinha ganho nada sozinho numa competição.

Já ganhei medalha de ouro em competição de futebol de salão da categoria fraldinha (!!!) sentado no banco de reservas, mas isso não conta muito. E teve uma vez que eu fiz dois gols numa final de futebol, mas acho que o placar foi 11x2 pro meu time, então não contou muito também.

Mas ganhar alguma coisa sozinho mesmo, não me lembro.

Só que hoje foi meu dia.
Ganhei o Prêmio de Melhor Roteiro Original, da II Mostra Competitiva da Academia Internacional de Cinema de Curitiba - 2005, pelo filme "Sem Ana".

Isso quer dizer que eu sou quase, mas não exatamente, completamente diferente de um escritor ruim. Isso, em outras palavras, também significa que eu tenho que continuar escrevendo aqui, nem que seja pelo bem dos meus fãs.

Se você acha que forcei a amizade falando em fãs, sinto muito, porque agora eu tenho um prêmio que me endossa.

BWAHAHAHAHAHAH!
(ca-ham...)

Enfim...
Obrigado aos que votaram em mim (cujos nomes não sei, porque a votação é secreta, sem falar que os 10 jurados provavelmente nunca irão ler isso aqui) e deixo aqui uma grande frase com a qual eu esbarrei nesse "mundão véi sem portêra" que é a Internet.

"Um escritor pode criar algo que rime com a realidade o suficiente para sentir verdadeiro, sem ter a infinita complexidade (e ambigüidade) da vida em si."
Matthew Frederick Davis Hemming

Nemesis²

Eu esqueci, eu tenho um inimigo mortal, sim.

Ele se chama Corel Draw.
Com seus maléficos travamentos sem salvar e seus inoperantes "arquivo não pode ser carregado", sem falar no xibiu que é trabalhar com 12 versões que não conversam direito.

Ele e seu comparsa, Word, também conhecido como Mr. "Operação Ilegal e Será Fechado".

Ainda bem que tenho minha Liga de Softwares Legalzudos do Bem:
O Sensacional Adobe Photoshop.
O Auto-Salvável Sony Vegas.

E o maioral, Macromedia Flash, que é o que há, o que houve e o que haverá de ser!
Sem ele, eu tava vendido.

Run Forrest, Run!


A Guerra dos Mundos (4x4 pussystyle!)

quinta-feira, junho 23, 2005

Crimes no Abecedário Brasileiro de Letras

Noite. Chuva.
X anda em meio ao temporal, querendo chegar em casa logo, antes do jogo da seleção. A água escorre por X e ele caminha sobre a calçada, contra o vento gelado. De um beco, X ouve algo como um sopro.

- Psst.

X pára, olha para o beco escuro, mas não consegue ver nada. Espera mais alguns segundos, enquanto a vista se acostuma com a escuridão mas continua sem ver coisa alguma. Se vira na direção de casa, mas antes de dar um passo ouve a voz novamente.

- Dia duro de trabalho?

X olha novamente para o beco vazio, mas dessa vez entre as sombras, vindo em sua direção, um velho conhecido se aproxima.

- Ah, é você - diz X, aliviado - Trabalhei bastante sim, sabe como é?

Um raio risca o ar, seguido pelo som ensurdecedor do trovão.

- Não... Na verdade não sei não - diz a voz, sussurrante - Mas você sabe muito bem... CH... Z... S... CS...
- Olha, será que a gente não podia conversar num lugar mais seco? E mais quente?
- Conversar? HAHAHAHAHAH - ri a sombra, embora o som da risada seja apenas o do ar entrando e saindo dela, nenhum barulho de cordas vocais.

Quando finalmente se detém, a sombra olha com desdém para X.
- É muito fácil conversar quando se pode emitir sons.

Apavorado, X dá alguns passos para trás. Decide correr, mas não consegue. A sombra pula da escuridão sobre X, esquartejando a vítima, primeiro num "Y", depois em um "v" minúsculo e finalmente em alguns ífens espalhados no chão. O nanquim escorre pela calçada encharcada.

Parado sobre a pobre letra, H se sente triunfante.
- Tão parecidos e tão diferentes, não é amigo? Você foi o primeiro de uma longa lista de fonéticas. Eu terei minha vingança.

Silenciosamente, H se afasta da letra inerte, procurando na escuridão o caminho que um dia o levará ao C, seu antigo parceiro. O traidor que será sua derradeira vítima.

Você Tinha Que Estar Lá

- Tava lembrando daquela vez em que a gente.. heheh
- Aquela, em que gente quase conseguiu ir lá no ... hahaha
- E tinha aquela menina que... HEHEHE
- E o cara? Aquele cara era o melhor... HAHAHHA
- E quando deu tudo errado e a gente não foi?... hehehe
- E acabou ficando lá, peladão.. HAHAHAHAH
- HEHEHEHEHE
- HAHAHAHAH
- HEHEHE
- HAHAHA
- HEHE... hehe... peraí... peladão? Não me lembro dessa parte.

(...)

- Nem eu...

quarta-feira, junho 22, 2005

Nemesis

Classificados

PRECISA-SE DE INIMIGO MORTAL

Procuro desafiante, peso-pesado, eloqüente, de preferência com poderes paranormais, para ser meu personal inimigo.

Aprecia-se experiência em genocídios, em ditaduras e tentativas de dominar o mundo.

Currículo deve incluir nome, arma de destruição em massa predileta, passado trágico e um breve resumo do que faria com um hamster fofinho (desejável fotografia do hamster).

Outros itens desejáveis:
- Residência há pelo menos 5 anos neste planeta;
- Pequeno exército;
- Base secreta;
- Humor sádico;
- Figurino ameaçador (preto, vermelho ou ambos);
- Rosto desfigurado por terrível acidente;
- Total e completo desprezo pela vida e pelos que usam ela.



Foi minha psicóloga quem mandou eu achar o meu lado obscuro. Ela não disse aonde.

O Sabre de Luz de Occam

Princípio da Lâmina de Occam:
No caso de múltiplas explicações para um fenômeno, a mais provável é a mais simples.

Sempre se pode contar com a simples e eficaz estupidez das pessoas:
Dois fãs de Star Wars (um rapaz de 20 anos e uma garota de 17) foram parar no hospital, em condições críticas, tentando brincar de Jedis. Eles aparentemente fizeram seus sabres de luz enchendo tubos de lâmpadas fluorescentes com gasolina. Tudo correu bem até o momento em que puseram fogo em um dos tubos.

Obviamente, o tubo explodiu.

Eles se encontram em condições críticas na seção de queimados do hospital. Uma fita de video foi encontrada próxima ao local do acidente, contendo imagens que comprovam a experiência.

Mais sobre o fato aqui.

Seria esta a verdade sobre as queimaduras de Vader?

Será que esta lâmpada é à álcool, gasolina ou é Hi-Flex?

Maquinomem

(Helena Kolody)

O homem esposou a máquina
E gerou um híbrido estranho:
Um cronômetro no peito
E um dínamo no crânio.

As hemácias de seu sangue
São redondos algarismos.
Crescem cactos estatísticos
Em seus abstratos jardins.

Exato planejamento,
A vida do maquinomem.
Trepidam as engrenagens
No esforço das realizações.

Em seu íntimo ignorado,
Há uma estranha prisioneira,
Cujos gritos estremecem
A metálica estrutura;

Há reflexos flamejantes
De uma luz imponderável
Que perturbam a frieza
Do blindado maquinomem.

terça-feira, junho 21, 2005

O Doce Som da Vingança

Toca o celular...

- Alô
- Alô, Senhor Eduardo?

- Sim
- Sr. Eduardo, aqui é da TIM, estamos ligando para oferecer a promoçãoTIM 1.382 minutos, onde o Sr. tem direito...
- Desculpe - interrompo, mas quem está falando?
- Aqui é Rosicleide Judite, da TIM, e estamos ligando...
-
Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?
- ... bem, pode.
- Estou gravando nossa conversa para sua própria segurança, tudo bem?

- Acho que sim...
- Vc trabalha em que área, na TIM?
- Telemarketing Pró Ativo.
- Você tem número de matrícula na TIM?
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com uma funcionária da TIM.
- Mas posso garantir...
- Sinto muito, não posso continuar a ligação sem essa informação.
- Minha matrícula é 6696969.
- Só um momento enquanto verifico.


...

(Dois minutos)
- Só mais um momento.

...

(Cinco minutos)
- Senhor?
- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.
- Mas senhor...
- Pronto, Rosicleide, obrigado por haver aguardado. Qual o assunto?
- Aqui é da TIM, estamos ligando para oferecer a promoção TIM 1382 minutos, onde o Sr. tem direito a falar 1.300 minutos e ganha 82 minutos de graça, além de poder enviar 372 TIM Torpedos totalmente grátis. O senhorestá interessado, Sr. Eduardo?
- Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, por que é ela que decide sobre alteração de planos de telefones celulares. Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim.


Coloco o celular em frente ao aparelho de som e deixo ele lá, até o mundo acabar em barranco.

Fricção Científica

“Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível.” (Einstein)



Eu não sei exatamente o quanto eu sou desprezível, mas os personagens de "Day of The Tentacle" eram adoravelmente desprezíveis.

*suspiros nostálgicos*

Não se vive mais aventuras em duas dimensões como antigamente.
Principalmente depois que a Disney resolveu não trabalhar mais com animação convencional e usar toda sua experiência apenas em animações digitais.

Adorável Mundo Novo.
Tomara que sobrevivamos a ele.

Alternadamente Real

- Você pode falar comigo?
- Será que não poderíamos falar alternadamente?
- Como assim alternadamente?
- Porque se você falar comigo, a gente não vai se entender bem.
- ???
- Falando os dois ao mesmo tempo, nenhum de nós escuta o que o outro diz... Por isso eu disse para conversarmos alternadamente, primeiro um, depois o outro... vc não acha melhor?
- ...

Prezado irmão; não morra!

Um tanto quanto atrasado, tenho um recadinho pro meu fraternalíssimo irmão:

Caro 'bro,

a) O mundo real é legal. Fique nele. Claro que eles às vezes é meio físico demais. Os ônibus são um bom exemplo do quanto ele é físico e duro e pesado.

b) Seu carro não é um DeLorean. Atingir altas velocidades com ele não te leva para o passado nem para o futuro. Te leva para o hospital mais próximo dentro de uma ambulância.

c) Seus óculos ficam melhor em você do que no pára-brisa do teu carro. Opinião pessoal.

d) Ônibus são grandes, coloridos e cheio de gente dentro. Dá pra ver de longe. No caso de encontrar outro, tente não entrar debaixo dele. As pessoas dentro do ônibus também agradecem.

e) Se você quiser se matar, algum dia, por qualquer motivo que seja, procure uma segunda opinião. No caso da opinião ser a mesma, pense que toda unanimidade é burra e procure alguém que realmente se importa muito, muito, mas muito mesmo, até demais, como nossa mãe. Ou então o pai, que se importa também, mas do jeitão dele.

f) No caso de outra experiência d'além vida, pergunte pra vó onde estão os roteiros que ela escreveu pro "Dois na Berlinda", com o Renato Aragão, quando trabalhavam na TV Piauí. Gostaria muito de dar uma olhada nesses textos.

g) O mundo real é legal. Fique nele. É sempre bom lembrar.

h) Em algum lugar, por aí, deve ter alguém que vai te agradecer muito (ainda que você talvez nunca saiba) por alguma coisa que você ainda vai:
fazer/pesquisar/descobrir/inventar/falar pra ela/jogar nela/cuspir nela/falar mal dela, mas ela nunca vai saber e não vai descobrir o baita duas caras que você é...

Em resumo: Beba menos. Fume menos. Corra menos.
Resumo do Resumo: Tome mais cuidado.
Resumo Resumidíssimo do Resumo do Resumo: Fique Vivo.

Perdoe-os: Eles não sabem o que fazem (comigo)

O Novo Testamento segundo Scopophyllus

"Para grande surpresa de seu marido, a Virgem Ilair estava grávida. Felizmente, um anjo explicou para Virgem Ilair que seu filho era Jeremias Cristo, Senhor do mundo, o glorioso bisneto de Deus (e lixeiro nas horas vagas). No dia de seu nascimento, os anjos ordenaram que os pastores seguissem o brilho da pérola para encontrá-lo. Além disso, três cósmicos bezerros vieram trazendo valiosos presentes: caixões e cornetas.
Passado algum tempo, sucedeu que Jeremias Cristo foi batizado, sendo submergido em coca-cola. Então proferiu o sermão da rússia. No sermão da rússia, Jeremias Cristo ensinou: Bem-aventurados os altos, pois eles serão os baixos; Bem-aventurados são os médios, pois deles será o Reino dos Céus.
Jeremias Cristo também fez muitos milagres, como quando transformou macho em nave-mãe durante o casamento de um amigo; também fez um bobo recuperar-se com uma simples palavra. Infelizmente, os governantes ficaram muito bravos com a influência de Jeremias Cristo, e então aconteceram e viajaram e pipocaram Jeremias Cristo, que apenas disse: perdoai-os, eles não sabem o que fazem.
Mas algum dia ele retornará em glória e magnificência para o julgamento final, então prepare-se!

Jeremias Cristo retornará.
O fim está próximo."

Eu juro que fiz isso sem querer e sem saber...
Entrei nesse link aqui e deu no que deu.

Lorem Ipsum

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum.

Também conhecida como prosopopéia flácida para acalentar bovinos (em sua forma erudita), Lorem Ipsum é algo extremamente interessante, principalmente se considerarmos que existe desde o ano 45 dC, vinda de um livro chamado "Finibus Bonorum et Malorum" (Os Extremos do Bem e do Mal), de Cicero. Mas só vem sendo usada para os fins atuais desde o século XVI.

É usado hoje como pró-forma no desenvolvimento de layouts, já que o leitor tende a se distrair com o texto quando deveria estar só prestando atenção no design de uma proposta. A razão de usar Lorem Ipsum é que ele tem uma distribuição de letras mais ou menos comum, muito melhor que NONONO, fazendo-a parecer um texto legível de verdade.

A passagem...
"Neque porro quisquam est qui dolorem ipsum quia dolor sit amet, consectetur, adipisci velit..."
...diz algo como:
"Não há quem goste de dor, quem procure dor ou quem queira ter dor, simplesmente porque dor dói..."

Ou seja, no fundo no fundo, quer dizer a mesmissima coisa: nada!

Mingo Dupal

"Há uma teoria que diz que se um dia alguém descobrir exatamente qual é o propósito do Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais bizarro e inexplicável.

Há uma outra teoria que diz que isso já aconteceu."
(DNA)

Porque a galinha atravessa a rua? 42!
(não... também não funciona...)

HAHAHAHAHA.... ai ai...

Acho que pra entender, você tinha que...
Ah, esquece...

sexta-feira, junho 17, 2005

Sem/anas Sem/Ana

Quem é vivo sempre aparece (por que quem é morto só aparece de vez em quando...) .
De acordo com a minha própria política interna de não me autopromover descaradamente nesse espaço, eu me declaro um fora-da-lei e vou contar o que está acontecendo e porque é que depois de uma notável safra de postagens eu, misteriosamente apesar de deixar milhares de pistas, desapareci por semanas.

Parágrafos Primeiros:
Dinheiro não nasce em árvore. Precisei arranjar o que fazer e acabei me dando muito bem nisso (apesar de ainda não ter resolvido o problema do dinheiro propriamente dito).
Estou trabalhando num longa-metragem.

(pausa dramática)

Sério. De verdade. Marco Ricca no elenco. Ganhando quase nada por isso (ainda) mas fazendo meu pé-de-meia curricular e me declarando bem-sucedido pra alguém que só está há um ano tentando fazer cinema.


Parágrafos Segundos:
Ainda galgando os passos para me tornar um diretor de filmes, me contento atualmente em escrevê-los primeiro. Andam me elogiando pelos dois últimos curtas que escrevi ("Sem Ana" e "Roda5"), sendo que um deles talvez seja a minha verdadeira estréia como diretor.

Isso sem contar um longa que está pela metade e um outro que ainda precisa de umas boas horas de trabalho antes de sequer se tornar uma boa idéia.

Parágrafo Terceiro:
Douglas Adams (evidente para quem conhece e/ou teve a paciência de ler o diminuto diálogo que também evidentemente nunca aconteceu no meu evidente carro). Ainda não vi o filme, mas já li os três primeiros volumes de sua "trilogia de quatro ou cinco livros" e acho que ele diz tudo que eu quero dizer da vida. Se eu ainda tiver algo de interessante pra dizer depois de terminar a série do Guia (e depois a série do detetive holístico), posso continuar me considerando útil para a humanidade.

Parágrafo Quarto:
Este blog é meu, ninguém tasca, eu vi primeiro. Se você não gostou do sumiço, problema seu, porque tem coisa pacas aqui e eu duvido que você já tenha lido tudo. Devia ter aproveitado o tempo pra ler os textos, principalmente os grandes que dão o maior trabalho e você fica com preguiça porque não tem figuras. Vá chupar o nariz.

Parágrafo Quinto:
Mas não fique triste se você é preguiçoso porque eu às vezes também sou e escrevo coisas curtinhas nesses dias. Se a preguiça é grande, eu "copy/paste" alguma coisa que alguém mais legal que eu escreveu e considero uma homenagem anônima (sendo que o anônimo, evidentemente é o outro e não eu).

E considere-se avisado: Estou de volta, por tempo indeterminado (evidentemente indeterminado por mim mesmo e não por você, o que é evidente).

quinta-feira, junho 16, 2005

Ausência de Presença e outras Redundâncias

- Senti sua ausência...
Disse o rádio do meu carro.

- Não, não sentiu!
Respondeu o CD do Queen que eu perdi.

- Claro que senti.
Afirmou com veemência o rádio.

- Creio que está enganado.
Retrucou o disco de plástico.

- Como você pode dizer uma coisa dessas, meu velho amigo?
O aparelho perguntou visivelmente ofendido.

- Partindo da idéia de que a minha ausência significa que eu não estava aqui, e que no meu lugar havia uma grande quantidade de nada, creio que nada não pode causar qualquer sentimento, não acha?
Expôs o cd, reluzindo a ilustração do Freddie em sua superfície, com tanta clareza e eloqüência que fez a alavanca do câmbio acordar de seu ponto morto e o porta-luvas cochichar alguma coisa com os outros cds em seu interior.

- Faz sentido. No entanto quem disse que não havia coisa alguma aqui em seu lugar? E se algo que estava aqui me causava alguma sensação e portanto a sua ausência permitia que este outro algo estivesse aqui me causando algum tipo de sensação?

A conversa atingiu tal nível de profundidade que o câmbio se alojou confortavelmente na quinta marcha, prevendo a longa jornada que a conversa poderia tomar. O mesmo nível de profundidade chamou a atenção também do aparelho de ar condicionado que demonstrou um interesse particularmente especial na frieza com que a conversa estava sendo conduzida por "velhos" amigos.

O tal nível de profundidade causou um profundo desinteresse no porta-luvas e seus amigos cds, que preferiram continuar fazendo absolutamente nada à prestar atenção em uma discussão sobre o nada e suas particularidades e que provavelmente não chegaria em nenhum lugar de particular importância (como de fato não chegou). Mas continuemos.

- Mas então, caro colega - continuou o cd com seu raciocínio lógico - não foi a minha ausência que você sentiu, mas sim a presença de outro que não eu, cuja presença residia no lugar que outrora fora ocupado por mim e exatamente por este fato a associação é não apenas compreensível, mas também óbvia e esperada.

Os bancos dianteiros se olharam e tiveram a impressão de que este diálogo era de alguma forma familiar em sua forma, enquanto o banco traseiro, em sua solidão costumeira, concluiu sozinho que a coisa estava na direção de um debate entre juristas, ou ainda pior, entre parlamentares se aproximando de um confronto direto através das vias de fato, algo que geralmente causa um grande alvoroço nos meios de comunicação, em especial na imprensa, que certamente apreciaria algo assim se já não estivesse apreciando algo assim atualmente.

- De qualquer forma, foi a sua ausência a causa da minha sensação em primeiro lugar - o velho rádio disse - e se a sensação em si é apenas conseqüência, não faz sentido culpar a conseqüência e ignorar a culpa da causa, no caso, a sua ausência, meu jovem.

O distanciamento crescente e evidente no uso dos invocativos demonstrou que o papo não ía bem, muito pelo contrário, bem no caminho do contrário do bem. Isto provavelmente teve algo a ver com o desfecho dramático dos eventos relatados aqui, e caso todos os envolvidos tivessem dado alguma atenção ao que o escapamento tinha a dizer, talvez tudo aquilo tivesse tomado uma outra direção, com o perdão do trocadilho.

- Oras, mas que pensamento criativo, meu senhor - debochou o cd - Talvez, se você tivesse dedicado mais tempo a pensamentos como esse, teria sentido muito menos os efeitos gerados pela minha presença em outro lugar e de uma outra presença no lugar da minha, que era apenas ausência.

Vale a pena citar que apesar de não ter dito nada, o escapamento se expressou como pôde, o que gerou muitos protestos das molas da suspensão e muitos risadas entre os tapetinhos de borracha dianteiros que não perderam tempo em fazer piadas, muito interessantes por sinal, sobre o funcionamento exemplar do catalisador, que em breve deixaria de ser o assunto principal entre eles diante da apoteose de eventos que encerraria a conversa principal e todas as secundárias que se originaram à partir dela.

- Mas meu jovem - o rádio pacientemente verbalizou do alto de sua longevidade e experiência em diversos outros veículos automotores, claramente esnobando o cd do Queen que era apenas uma coletânea lançada há menos de um ano - Esse é o problema com a juventude de hoje, vocês se preocupam apenas com o foco e esquecem completamente o restante do campo de visão que um assunto pode atingir.

O rádio estava certo, mas ao mesmo tempo errado, pois ele próprio se traiu. Embora seus argumentos fossem, de fato, razoáveis quanto à abrangência de um campo de visão em um argumento, ele pecou por deixar de prestar atenção no seu campo de visão físico, que já não era dos maiores, e ver o caminhão desgovernado que vinha em direção ao carro, estacionado em uma ladeira com todos os seus equipamentos ocupantes e conflitantes, à tempo de alertar seus colegas sobre o impacto iminente e fatalmente destrutivo. Que poderia ter sido evitado, por exemplo, se o freio de mão estivesse prestanto atenção em qualquer outra coisa que não si mesmo, por estar visivelmente incomodado com o assunto.

O motorista do caminhão não se feriu. Já a amizade entre cd e rádio acabou muito antes de acabar, ou vice e versa.